A preguiça física nos impede de mudar. Mas basta uma faísca entre dois
neurônios para que nossa mente nos aponte para outra direção. Das duas
uma: ou tu segues as novas coordenadas, que te podem levar por terrenos
inóspitos e até mesmo campos minados, ou optas por permanecer no curso
antigo, ignorando a intermitente buzina que te avisa: “estás no caminho
errado”.
Não digo “errado” no sentido mais amplo da palavra. Talvez
sejam justamente as instruções antigas, as que estavam corretas. Mas
acredito que, às vezes, precisamos deparar com um beco sem saída para
descobrirmos que o caminho é pro outro lado. A vida já cansou de me
provar repetidamente que a escolha certa é justamente a que me parece
mais errada. Mas a gente precisa errar. Mas não errar por engano, por
distração, displicência. Eu erro com força, e com vontade. Eu erro
melhor, para errar menos.
E, sim, saio errante pela rua, torcendo pra
chuva não me pegar, ou enxarcar cada centímetro da minha pele. Não é
que eu esteja deixando a maré me levar, como se fosse plâncton. Eu erro
por aí na tentativa de acertar. Depois de perceber que, sempre que acho
que estou fazendo a coisa certa, descubro que estou machucando alguém,
tenho apostado cada vez mais no que não me parece sensato. Improvável?
Vamos. Impossível? Não existe. Impensável? Bora!
Sigo a maré das
sinapses. Se a mente muda, eu mudo. Somente assim eu posso ser cem por
cento sincero com aquele que mais estimo: eu. Egoísta: para caralho, mas
se eu não fizer as coisas por mim, sei que minha mãe não as pode fazer,
e nem tenho mais idade para isso. Dirijo com o tanque na reserva, mas é
para voar baixo.
“Tá, mas o que é que cabe em um mês?” – tu
perguntas. Um ciclo lunar, um ciclo menstrual, uma copa do mundo, duas
olimpíadas, um amor de verão, quatro amores de verão…
Um mês é o
tempo que levei pra escrever denovo. O tempo que minha mente demorou pra
mudar o curso da minha alma. Pra onde ela aponta agora? Pra bem longe.
- L .
Nenhum comentário:
Postar um comentário